sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Sarna Demodécica, e agora? (Parte I)

Bom dia!!!

Ontem não publiquei nada, pois fui levar minha querida Hana ao veterinário, ela está se coçando muito, com falhas no pelo e feridas. Como sei que existe vários tipos de doenças que têm esses sintomas, queria ter certeza do que se tratava. 
Chegando ao veterinário, teve que ser feito uma raspagem em uma das partes de falha de pelo, o Dr. tirou uma parte superficial da pele para análise. Só que ele suspeitava de DAP (Doença Alérgica a Pulga), até ai tudo bem, claro que a Hana tem pulgas, ela mora em uma chácara, por mais que eu tente controlar, sempre acontece.
No final da tarde liguei para o Dr. Pedro e ele me disse que na análise apresentou um ácaro chamado Dermodex canis, resultando assim, a Sarna demodécica (Fiquei Louca).. Agora vão ser feitas mais duas raspagens para se ter a dimensão e a certeza da doença. 
Estou muito triste, pelo fato dela apresentar essa doença e pelo fato de pessoas que cruzam animais infectados por ai, trazendo ao mundo mais filhotes doentes. Abaixo vou colocar a explicação dessa doença, que atinge cães e gatos.


A sarna demodécica ou demodicose é uma parasitose de pele, de caráter inflamatório, produzida pelo ácaro Demodex canis (D. canis) no cão e Demodex cati no gato. É uma doença comum em cães e rara em gatos.
O Demodex localiza-se principalmente nos folículos pilosos, mas também pode, ocasionalmente, ser encontrado nas glândulas sudoríparas e sebáceas.
A transmissão, em cães, ocorre nos três primeiros dias após o nascimento.

Mas o que realmente a mãe transmite ao filhote?

Segundo as mais recentes pesquisas na área, a mãe transmite a GENÉTICA, o defeito imunológico celular onde a qualidade dos linfócitos T específicos para o combate a este ácaro está prejudicada, ou seja, a imunidade celular específica para combater o ácaro. Não há transmissão horizontal da doença, ou seja, um animal são em contato íntimo com um cão portador de demodécica, não sofre contágio.
O D. canis faz parte da microbiota normal da pele do cão, ou seja, está presente também na pele de cães sãos que não apresentam a doença. São os linfócitos T hígidos, não defeituosos, que garantem a não proliferação do ácaro em animais sãos, ou seja, com uma imunidade celular adequada, sem interferência genética. Importante salientar que nos animais com sarna demodécica não encontramos alterações na imunidade humoral (mediada por anticorpos) pois a resposta de anticorpos contra enfermidades virais ou bacterianas é comprovadamente idêntica a de cães sãos, tanto os vacinados quanto os submetidos a infecções naturais.

Quais os fatores predisponentes?

Muitos fatores podem predispor a manifestação da doença, dentre eles o estresse, o cio, a gestação, as privações diversas (sede, fome, abandono e intempéries), as cirurgias, transportes, mudanças ambientais, perda de companheiros humanos ou peludos e doenças debilitantes como câncer, hepatopatias, parasitismo, hiperadrenocorticismo, imunossupressão e até ansiedade por separação, dentre outros fatores.

Quais as formas de manifestação?

A manifestação do quadro clínico da demodicose pode se dar de duas formas: demodicose juvenil, que se desenvolve em cães jovens com suscetibilidade genética e, a adulta, que ocorre em cães em idade adulta freqüentemente imunosuprimidos.
Além dessa classificação, pode-se ainda caracterizar o quadro clínico com base nas manifestações, como localizada e generalizada. Na forma localizada, que ocorre em cães com menos de um ano de idade e que em 90% dos casos se resolve de forma aparentemente espontânea, nota-se de uma a cinco áreas de alopecia (ausência de pelos), com graus variados de eritema (pele avermelhada), hiperpigmentação (pele escura, preta ou acinzentada) e descamação (semelhante a caspa). As lesões são mais comuns na face, mas podem ser encontradas por todo o corpo. Em geral, as lesões não são pruriginosas, a não ser nos casos de infecção secundária concomitante. Apenas 10% destes casos evoluem para a forma generalizada.
A doença é considerada generalizada se duas ou mais patas forem acometidas, se mais de cinco áreas circulares de alopecia forem observadas ou se todo o corpo for acometido. É uma forma severa de manifestação da doença, com alopecia extensa (ausência de pelos em grandes áreas), pápulas (lesão inflamatória, elevada e superficial), pústulas (semelhante a espinhas) e crostas. As lesões costumam agravar-se por infecções secundárias (bactérias e leveduras) causando, por exemplo, a pododermatite (infecção e inflamação entre os dedos) e a malasseziose generalizada (infecção secundária pela levedura malassezia pachydermatis, também presente na microbiota normal da pele do cão, mas que no animal com imunidade baixa, perpetua e agrava as doenças de pele pré-existentes).


Agravações do quadro geral podem causar doenças sistêmicas com infecção generalizada no sistema linfático, letargia e febre, associados com formas mais graves de infecções de pele como furunculose e fístulas.


E o diagnóstico?

O diagnóstico é bastante simples e pode ser feito no próprio consultório, através de alguns raspados de pele profundos e com o auxílio de um microscópio. A presença de um único ácaro no raspado de pele não determina um diagnóstico positivo para demodécica, já que o ácaro também é um habitante natural da pele de cães sãos, mas se for encontrado um único ácaro adulto junto à sintomatologia clínica, provavelmente estamos diante de um quadro de demodicose. Somente a presença de várias formas imaturas e ácaros adultos no raspado de pele confirma, por si só, o diagnóstico positivo para a doença. Em alguns casos, pode ser necessária uma biópsia de pele para elucidar o quadro clínico, principalmente em se tratando da raça Sharpei.

Sempre que se diagnostique demodicose generalizada em cães adultos, deve-se fazer uma avaliação médica minuciosa com o objetivo de identificar alguma enfermidade sistêmica que esteja diminuindo a imunidade do paciente, como hiperadrenocorticismo, hipotireoidismo, diabetes, terapias com imunossupressores, doenças auto-imunes, câncer e outras.

Existe otite causada por demodex?

D. canis também causa otite, com produção de cerúmen e crostas, como parte de um quadro de pele generalizado. O odor desagradável é uma característica marcante das secreções nesta patologia. O exame do cerúmen, ao microscópio, pode revelar numerosos ácaros, em seus diversos estágios de desenvolvimento.

E o tratamento?

Os tratamentos convencionais com ivermectinas (Ivomec, Mectimax), moxidectinas (Cydectin), milbemicinas (Interceptor), doramectinas (Dectomax), metaflumizonas (Promeris), amitrazinas (Amitraz), assim como os antibióticos utilizados nos casos de infecções secundárias bacterianas, já são bem conhecidos dos cuidadores que tem sob seus cuidados, cães e gatos portadores de sarna demodécica. Nenhum tratamento, no caso da demodécica generalizada, é 100% efetivo em todos os casos, sendo que alguns animais reagem melhor a uma ou outra droga, outros são refratários a todo tipo de tratamento e acabam sendo eutanasiados após muitos tratamentos mau sucedidos.
Muitos dos bons resultados são passageiros, com recidivas freqüentes dos quadros em semanas ou meses. O animal é considerado curado quando 3 raspados de pele são negativos e o animal não apresenta recidiva no prazo de um ano de acompanhamento. No tratamento convencional , a doramectina (Dectomax) e a moxidectina (Cydectin) são os mais eficazes e com menores efeitos colaterais imediatos (via oral e a duração pode ser de até 5 meses).
Em nenhum dos trabalhos científicos publicados sobre o uso continuado desses medicamentos, avaliou-se seus efeitos colaterais a médio e longo prazo. Os danos causados ao organismo animal podem ser inúmeros, principalmente ao nível de fígado, que é o órgão responsável por praticamente todo o processo de metabolismo dessas drogas. Portanto, fiquem atentos, pois essa história de dizer que não tem efeitos colaterais não é realidade, não existem dados suficientes para se fazer esta afirmação!!!
Sob o ponto de vista homeopático, a utilização de coleiras, pour-on, banhos, sprays e outros medicamentos locais, normalmente utilizados de forma continuada no tratamento da demodécica, “abafam” os sinais e sintomas da manifestação da doença, internalizando-a e afetando órgãos mais importantes, mais profundos. Na visão homeopática, esta cura não é verdadeira, apenas paliativa.

Fonte: bichointegral.com.br

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